DOLCE VITA
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Meu Diário
10/07/2009 10h41
VERSOS PARA NINGUÉM
                                      
 




 
Uma confidência se faz assim... E você estava ali, declarado em verdade. E é por isso que te adotei como parte da minha família!


Porque tua dor abre feridas na minha pele.


E então, você, inesperadamente disse! Confessou sem jeito, talvez porque não entenda essa comunicação via entranha (ou seria via estranha?) da palavra.


E disse, assim, de uma vez só, na minha cara! Não. Ao pé do ouvido.
O poeta jogou fora o que havia escrito para mim. E ainda imaginou que ficaria triste ao saber disso.


Por que ficaria? Se não me deves nada...  Ao contrário. Sou eu que me debruço sobre teus versos como a mulher apaixonada que tem marido na guerra. Ao invés de tricotar, suporto a vida ao ler-te.


Teus versos me ajudam a emergir em outro dia, ainda que não veja um só motivo para sorrir. Sorrio. Tua poesia existe.


E ao saber que em um papel qualquer, tuas palavras para mim foram lançadas ao nada, de repente, entendi o sentido da minha existência definida neste movimento.


Meu poeta, você desenhou o mais belo verso no ar.


E retribuo a confidência... Aos vinte anos escrevi o título de um livro que ainda não publiquei. Uma coletânea de poemas. O nome?


Versos para ninguém.


Nunca soube exatamente como esse título surgiu. Foi preciso que o tempo mostrasse a força do vazio e da coragem, no gesto de um poeta que joga o que escreve fora, para que eu pudesse entender, enfim, porque você faz parte de mim.


 
 



(*)
Imagem: Google
Publicado por Dolce Vita
em 10/07/2009 às 10h41
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