DOLCE VITA
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                            CRÔNICA SEM VERGONHA





Se você procura um filme de terror para assistir com seus parentes no domingo, após o almoço, essa história foi feita sob medida para ajudar a digerir a macarronada e o frango com farofa banhada em manteiga! Vá até a locadora mais próxima e alugue "A mão que balança o berço" do renomado diretor Brian Acalma e estrelado pela singularidade da atriz Rebecca Morguei.

O enredo é simples, mas surpreendente. Um casal, tão econômico que atinge as raias da perversidade para poupar alguns trocados no final do mês, contrata uma babá, mas o salário da ingênua (ou desavisada) trabalhadora nunca é pago e durante toda a ação na tela, não vemos uma nota sequer na mão daquela pobre funcionária que, se permanecer no emprego, será promovida a miserável.

O clima de tensão trabalhista cresce e atinge níveis insuportáveis, o que a faz tremer de ódio e balançar freneticamente o berço enquanto a criança chora, causando uma espécie de dependência pendular no bebê, que passa a necessitar desse embalo compulsivo, em doses cada vez maiores, para desespero da funcionária e principalmente, de quem assiste as cenas!

Tudo seria apenas mais um filme estranho se não acontecesse nada depois disso. (Aqui entre nós, todos os filmes que não são estranhos, de alguma forma, "servem" para quê?).

No entanto, Brian Acalma é um mestre em deixar o espectador mergulhado na ansiedade quase infantil de quem está na porta da sorveteria ainda fechada! E esperamos angustiados, aflitos e por que não dizer, em pânico, para que aconteça alguma coisa, além daquele choro enlouquecido da criança, a tremedeira de raiva da babá e o salário que nunca é pago pelo casal sovina.

Quando estamos praticamente sem esperanças de que o filme nos surpreenda, este incrível cineasta, nos prega uma peça com a chegada da sogra (avó paterna), completamente desvairada porque seu amante, um marinheiro argentino, havia fugido com seu marido, em um romântico cruzeiro pelas Ilhas Canárias.

Ao ver a criança berrando e a babá com cãibras nos braços, a sogra se dá conta de que era feliz e não sabia.

Destaque para o sorriso cínico desta senhora, no portão de embarque do aeroporto, ao ouvir a chamada para seu vôo com destino a Miami. Certamente ali, ela passará por uma completa revisão de seus conceitos sobre felicidade, mas isso já é outro filme!

Sim, outro filme! Esse Brian Acalma é ou não genial?

P.S.: Não deixe de assistir "Que preguiça!" de Glauber Ronca. Uma história adorável, apesar de restrita ao cenário de uma rede que também balança, porém, desta vez, não pela mão descontrolada de uma babá, mas ao ritmo lento de uma tarde de sol que arde em Itapuã...





(*) IMAGEM: Google

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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 02/12/2009
Alterado em 02/12/2009
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