O casarão estava abandonado há décadas. Entretanto a jovem senhora não se conteve. Decidida, abriu o portão enferrujado, sem o menor vestígio de temor. Cresceu com as histórias sobre aquele lugar. Lendas que fariam a imaginação de qualquer escritor derreter de inveja.
A porta principal estava entreaberta e nem as teias de aranha impediram seu gesto seco e natural. Chutou a madeira envelhecida e num segundo estava na sala empoeirada.
Olhou em volta como se alguém a esperasse ali. E então, ouviu a voz feminina:
- Bem-vinda! Desculpe a poeira! Não tive tempo de limpar a casa.
- Quem é?
- Sente-se! Não tenha medo.
- Nunca tenho medo. Quero apenas saber com quem estou falando.
- Meu nome é Modéstia.
- Você! Finalmente a encontrei! Ainda que seja apenas um vulto.
- São seus olhos.
- Sempre são.
- Se você diz, acredito.
- Não quer saber meu nome?
- Não ouso perguntar. Se quiser dizer, será um prazer.
- Meu nome é Vitória. Pensou que fosse dizer "Vaidade"?