Apaguei o último cigarro da noite sem vontade de dormir. Ouvia minha ária preferida. Logo nos primeiros acordes, a lembrança: já havia passado tanto tempo assim? Dois anos antes eu o encontrara por acaso no Teatro Municipal. A conversa girou em torno da paixão pela ópera. E, então, sem rodeios, ele disse que iria embora do país no dia seguinte. Tentei disfarçar a tristeza. Nossa separação havia sido amigável. Sempre fomos tão civilizados. No entanto não havia o menor vestígio de elegância nas feridas que teimavam em não cicatrizar.