Encontrei Dona Lourdes, por acaso, na fila do banco. Sem uma pausa sequer, desfiou a história da tal ruiva. A nova moradora da rua saía todas as manhãs, às sete. Caminhava a passos largos até a esquina, onde havia um carro estacionado à sua espera. Uma hora depois, o automóvel retornava com a ruiva na direção, ao lado de um homem grisalho que descia do carro carregando duas malas até o portão. A mulher entrava em casa com a bagagem, enquanto ele ia embora a pé. Todo final de tarde, o homem surgia novamente, tocava a campainha, e a ruiva acenava da janela. Então, ele ia embora dirigindo o carro. Durante seis semanas as cenas se repetiram sem um mísero detalhe diferente.
Nesse instante, para recuperar o fôlego, Dona Lourdes interrompeu a narrativa do estranho caso. Aproveitei a brecha: