O pesadelo se repete. Acordo no meio da noite com os gritos. A culpa é toda do meu irmão. Gostaria que ele fosse normal, e parasse de ver coisas que não existem. No mês passado, enquanto fazia a barba, ele apareceu com aquela conversa sem pé nem cabeça. Teodoro jura que enxerga outra imagem quando eu estou diante do espelho. Ele diz ver o homem que eu poderia ter sido, e não fui. E não para por aí. Essa tal imagem sai do espelho para visitá-lo a qualquer hora do dia. E ainda conversam como dois amigos de infância. Sinto tanta raiva de tamanha loucura que até perdi a vontade de olhar pra cara dele. Mas é recíproco. Hoje meu irmão prefere a companhia desse outro eu.
(*) ESTE CONTO É RESULTADO DE UM EXERCÍCIO PROPOSTO EM OFICINA LITERÁRIA