Zé Cachaça rolou a ladeira até parar em frente ao bar do Souza. Ninguém ali se assustava mais com as repentinas aparições do sujeito. Quando os fregueses do boteco se preparavam para ouvir o extenso vocabulário de palavrões, ele resolveu inovar, anunciando sua chegada de outra forma:
— Querem ver Jesus? Então morram!
A opinião dos frequentadores do bar era unânime: Zé Cachaça ultrapassara os limites da paciência de todos. Seria preciso tomar uma atitude. Os olhares se voltaram para o dono do estabelecimento, que resolveu ir lá fora conversar com o cara.
Zé Cachaça contou uma história repleta de infortúnios, e o enorme coração do Souza, outra vez, cedeu. Ninguém mais se importava com aquele pobre coitado. E tudo ficou exatamente igual: ele xingava Deus e o mundo, bebia, e caía na calçada diante do bar.
Naquele fim de tarde, em vez de cambalear na frente do boteco, Zé Cachaça desceu de um carro luxuoso. Além de bem vestido, parecia estar sóbrio. Todos se olharam sem entender coisa alguma. A curiosidade estava estampada no semblante dos clientes. Ao ver Zé Cachaça no balcão, Souza não se conteve, e perguntou o que acontecera.
— Vocês querem mesmo saber?
Nunca aquele bar ficara tão silencioso. Seria possível ouvir a respiração de cada um ali dentro. O olhar de Zé Cachaça passeou calmamente por todos os frequentadores do estabelecimento, antes de disparar a resposta categórica: