DOLCE VITA
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O HOMEM DO CHAPÉU
Data: 22/09/2014
Créditos:
O HOMEM DO CHAPÉU

AUTORA E VOZ: DOLCE VITA
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
O HOMEM DO CHAPÉU
 


 
Chico Salgado veio de longe. Viajara o mundo sem desgrudar-se daquele chapéu com as abas ligeiramente erguidas. Não pensava em criar raízes até o dia em que conheceu Yoko. Uma gueixa. E tudo ficou com um gosto tão doce que ele sentiu medo.

Yoko encantara Chico pelo jeito manso no olhar. E aquela ternura era tamanha que despertara nele uma vontade sem cabimento de agarrar-se a seu colo.  Logo ele que podia ser muita coisa nesta vida, menos fraco. Isso não.

Isso, sim. Chico Salgado espremera o amor dentro dele com o peso das desconfianças. Era insuportável imaginar Yoko nos braços de outro homem, por mais que ela jurasse ser somente sua. Bastava que a mulher saísse, e seu sossego ia junto. O tormento estava instalado: e se ela o deixasse? Chico não suportava mais desamar.

Naquela noite, ao deitar-se ao lado de Yoko, ele disse que partiria na manhã seguinte. O silêncio da gueixa dilacerou seu peito. Lembrou-se da mãe sempre tão calada diante dos abusos de seu padrasto. Quando Yoko adormeceu, Chico Salgado chorou todas as lágrimas que devia ao menino de nove anos que fugira de casa.
 

 

 
(*) INSPIRADO NA ILUSTRAÇÃO
 
"Retrato de Père Tanguy" - Vincent Van Gogh
 
 
Enviado por Dolce Vita em 22/09/2014
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