Claudionor colecionava manias. Talvez a mais complicada delas fosse sua necessidade permanente de respostas. Segundo Claudionor, a vida tinha de fazer sentido vinte e quatro horas por dia. Afinal, sempre havia uma razão para tudo. Tudo, tudo, tudo.
E, no mundo das respostas de Claudionor, por incrível que pareça, tudo ia bem até o dia em que Lucilene apareceu em seu caminho. Durante um apagão, os dois ficaram presos no elevador por oito horas. Começaram a conversar para passar o tempo. Claudionor não conseguia entender coisa alguma do que Lucilene falava. E ela parecia se divertir com a preocupação daquele homem em encontrar respostas a qualquer tempo.
Sentindo-se provocado, Claudionor passou a expor suas opiniões com ainda mais entusiasmo, enquanto Lucilene, às gargalhadas, debochava do jeito dele. Então, sem a menor cerimônia, aquela mulher calou a boca de Claudionor com um beijo. Naquele exato instante, o elevador voltou a funcionar. E ele não resistiu:
— Isto é o que eu chamo de uma questão de energia.