Apesar de nebuloso, o sonho com a mulher ruiva era um sinal. Naquela manhã, Baltazar decretou o fim dos dias de cão. E saiu de casa determinado a encontrar aquela que prometera trazer sua alegria de volta.
Caminhou sob o sol escaldante ao longo da avenida que cruzava o bairro. A buzina estridente de um carro caindo aos pedaços e os palavrões do motorista desviaram sua atenção. Irritado, Baltazar olhou para trás. A mulher com quem sonhara estava logo ali, do outro lado da rua.
Baltazar quis ajoelhar-se em plena calçada e agradecer aos céus, mas teve medo de perder a ruiva de vista. Ela acabara de sair de um automóvel luxuoso, acenando para o homem sentado ao volante. Baltazar esperou até que o carro dobrasse a esquina, e correu em direção à ruiva. Ao tocar o ombro da mulher, ela virou-se lentamente. Antes mesmo que Baltazar tivesse tempo de abrir a boca, ela disse:
— Ah! Já sei. O tal sonho. Você é o quinto a ter este sonho comigo.