Ele não tinha o ar rebelde que Alice desejara nos seus sonhos adolescentes. Antônio era um homem de poucas palavras. Mudava de ideia com a mesma desenvoltura de quem vira a página de um livro. A capacidade de alterar o próprio destino — a qualquer instante — encantara Alice. Logo ela que vivia sempre tão presa a tudo. Quando Antônio a beijou pela primeira vez, Alice não parecia mais dona de si mesma. Assustada, ela fugiu. Dez anos mais tarde, encontraram-se por acaso num cruzeiro, do outro lado do mundo. Antônio sorriu enquanto Alice caminhava em sua direção sentindo que voltava para casa. Não havia o menor traço de surpresa naqueles olhos verdes, como se ele a esperasse. Alice finalmente entendeu que estivera segura o tempo todo.