A senhora K abriu a pasta vermelha. Todos os passos que seu marido dera nas últimas quatro semanas estavam registrados ali. A cliente de Horácio era a segunda esposa de um executivo de uma grande rede de televisão. E esperava encontrar provas que revelassem um caso amoroso de Antônio com uma atriz.
No instante em que a senhora K retirou de um envelope pardo as fotografias da investigação, ela franziu ligeiramente a testa: quem estava ao lado de seu marido não era uma atriz, mas a primeira esposa de Antônio.
As fotografias escancararam uma intimidade que a senhora K não esperava confrontar. Antônio e a ex-mulher sorriam em quase todas as imagens. Horácio fotografara o casal durante longos almoços num restaurante discreto, e alguns passeios num parque afastado da cidade. Segundo o relatório do detetive, os dois encontravam-se apenas para conversar.
Num tom de voz quase inaudível a senhora K quis saber:
— Conversas? Só isto?
Horácio limitou-se aos fatos: as imagens falavam mais do que qualquer outra coisa que ele pudesse dizer. Do outro lado da escrivaninha, a senhora K olhava fixamente para uma fotografia em que Antônio beijava a testa da primeira esposa.