Eva. Eva. Eva. A figura da mulher martelava o pensamento de Horácio. Tudo o que acontecera naquele bar teria sido fruto de sua imaginação? Embora atormentado, algo falava mais alto: ele precisaria reencontrá-la. Durante cinco noites, o detetive vigiou a esquina do bar. E nada. Nenhum sinal de Eva.
Na semana seguinte, Horácio começara a investigar o caso de seu novo cliente: o senhor R. Naquela noite, um violento temporal desabara na cidade. O detetive estava em frente a um discreto restaurante, do outro lado da calçada, à espera da esposa do senhor R — que jantava na companhia de seu amante —, quando viu Eva dobrar a esquina e abrigar-se sob o toldo negro do estabelecimento. Como uma velha amiga, ela acenou para Horácio, que atravessou a rua sem pressa.
Desta vez a história de Eva mudara. A mulher contou que havia sido paga para se aproximar do detetive, e sumir. Tudo era apenas uma brincadeira. Ela aceitara representar o misterioso papel para saldar uma dívida de jogo. Mesmo sem acreditar em uma palavra, Horácio não conseguiu evitar a pergunta:
— E quem pagaria por este joguinho idiota?
Eva parecia irônica ao responder:
— Sua ex-mulher.
Horácio sentiu a raiva latejar dentro dele. O que deveria estar morto e enterrado em sua história permanecia vivo. Cruelmente aceso.
NOTA DA AUTORA:Para melhor entendimento da trama, sugiro a leitura dos contos desta série: "O Primeiro Caso" e "O Caso do Bar".