Além de flagrar a ligação entre Martha e Eva, Judite ainda descobriria um novo talento no papel de Laura Munhoz: seguir as pessoas. Na saída do cassino, sem pensar duas vezes, a secretária de Horácio foi atrás de Eva. Afinal, o detetive deveria estar cansado de saber onde sua ex-esposa morava. Martha e o italiano, dono da belíssima voz que encantara Judite, haviam deixado o local num carro vermelho.
Eva caminhou apressada até entrar em um automóvel estacionado do outro lado da rua. Judite não tinha tempo a perder. Havia alguns táxis parados por ali, provavelmente à espera dos clientes do cassino clandestino. Aquele lugar não deveria ser um grande segredo para ninguém. Dentro do táxi, a secretária — sorrindo como uma criança — sabia exatamente o que dizer ao motorista:
— Siga aquele carro.
Vinte minutos depois, Eva estacionara seu automóvel na garagem de uma casa amarela. Judite abriu sua pequena agenda, e escreveu ali o número da placa do veículo e o endereço da mulher. Horácio saberia o que fazer com aqueles dados. E então o táxi seguiu em frente passando ao lado de um carro vermelho, mas Judite não prestara atenção a ele.
A secretária voltou para casa, e ainda sentia o sabor da aventura quando caiu no sono. Na manhã seguinte, ao abrir o escritório, Judite encontrou Martha sentada na minúscula sala de espera. A ex-mulher de Horácio soltou uma gargalhada sinistra ao vê-la paralisada na porta. A secretária não conseguiu conter o grito. E acordou com o som do próprio berro. Que noite!
Ao verificar o despertador, Judite gritou:
— Nove e meia!
Pela primeira vez em dois anos, ela perdera a hora. Horácio deveria estar ansioso para saber o que a secretária descobrira.
NOTA DA AUTORA: Para melhor entendimento da trama, sugiro a leitura dos contos desta série: "O Primeiro Caso", "O Caso do Bar", "A Sombra de Eva", "A Ex-Mulher", "O Detetive", "A Secretária", "Virando o Jogo" e "Duas Mulheres".