O carro de Pier Paolo saiu de San Gimignano com destino a Florença. Ali, parou em frente à mítica Tiffany & Co. Por quase duas horas, Eva e o conde italiano permaneceram na joalheria. Martha aproveitou para passar o tempo desfilando seu vasto repertório de palavras de baixo calão.
A princípio, Judite espantara-se com a vulgaridade da ex-esposa de Horácio. Passado o susto inicial, a secretária começou a achar interessantes algumas das pesadíssimas expressões utilizadas por Martha. Nos últimos meses, sua vida mudara tanto que talvez ela também pudesse usar um ou outro palavrão.
Sentado ao volante, Horácio pensava em apenas uma coisa: se Eva vacilasse, ele precisaria estar preparado para agir. O detetive acreditava que o primeiro erro da misteriosa mulher era apenas uma questão de tempo. E quando isto acontecesse, ele acertaria seu alvo.
Quando o casal finalmente saiu da joalheria, Martha observou, nas mãos do conde, as sacolas no inconfundível tom azul, e explodiu de raiva:
— Olha isto! A cadela maldita ainda ganha um monte de joias.
Horácio retrucou:
— Ela não perde por esperar.
Pier Paolo e Eva seguiram no automóvel até uma cafeteria. No exato instante em que eles entraram no local, o detetive e a secretária trocaram um brevíssimo olhar pelo espelho retrovisor. Judite piscou antes de sair do carro. Horácio não disse uma palavra. Sua secretária sabia exatamente o que fazer.
NOTA DA AUTORA: Para melhor entendimento da trama sugiro a leitura dos episódios anteriores numerados por capítulos.