Horácio, Martha e Judite comemoraram, no bar do hotel, o fim da missão em terras italianas. Na hora do brinde, convictos de que Pier Paolo dera uma lição em Eva, eles ergueram as taças de vinho enquanto a ex-esposa de Horácio vibrava:
— Que a vadia encontre tudo que ela merece!
Talvez Martha não devesse duvidar da força de suas palavras. No voo de volta a São Paulo, Judite sonhou com um belíssimo italiano que andava por infinitos corredores usando apenas uma toalha enrolada no quadril. Já o clima entre Horácio e sua ex-mulher voltara a ser um pesadelo. Os dois discutiram o tempo todo a respeito das despesas de viagem.
Na véspera do enlace, Pier Paolo e Eva assinaram um acordo pré-nupcial que garantiria à futura esposa do conde um alto rendimento enquanto permanecesse casada. E uma invejável pensão em caso de divórcio. A misteriosa mulher saiu do escritório do advogado com a certeza de que havia dado seu melhor golpe.
Quando o motorista de Pier Paolo abriu a porta da limousine branca, na manhã seguinte, Eva sentiu-se a dona do mundo. E desceu do carro, vestida de noiva. Porém, ao entrar na igreja, o primeiro susto. Ao invés da cerimônia de casamento, era celebrada ali uma missa de sétimo dia. Ainda perplexa, Eva olhou para trás: a limousine acabara de dobrar a esquina. Num piscar de olhos, não havia mais o menor sinal do carro. Muito menos de Pier Paolo. E só então ela entendeu que não haveria casamento algum.
O conde italiano — formado em Artes Dramáticas — fingira sua comovida reação ao flagrante por puro prazer. Pier Paolo instruíra seu advogado a criar uma falsa documentação. Os preparativos do casamento não passaram de uma farsa representada por atores. Nada havia sido contratado. Nunca mais Pier Paolo voltaria a colocar seus pequenos olhos verdes em Eva.
Três meses mais tarde, Horácio aceitou o caso da senhora Y, passando a seguir os passos do marido de sua nova cliente. A investigação reservaria uma surpresa ao detetive.
NOTA DA AUTORA: Para melhor entendimento da trama sugiro a leitura dos episódios anteriores numerados por capítulos.