Mediu com uma grande régua transparente o centro da mesa. Em torno daquele ponto, dispôs os pratos, talheres e copos. Tudo perfeitamente alinhado. Restavam quatro minutos para deixar a carne no ponto exato. O som da porta se abrindo a fez correr em direção à geladeira. Retirou de lá a travessa oval com a salada de rúcula. Verteu sobre as folhas verdes um generoso fio de azeite, adicionando uma colher de sopa de limão. Nada de sal. Serviu o jantar às sete e quinze. Quando ele cortou a carne, o sangue escorreu ao redor do prato. E ela respirou aliviada: parecia que acertara o ponto. No entanto os olhos do marido diziam o contrário enquanto o peso daquela mão socava seu rosto.
(*) ESTE CONTO É RESULTADO DE UM EXERCÍCIO PROPOSTO EM OFICINA LITERÁRIA PARA O TEMA "VIOLÊNCIA DOMÉSTICA"