No terceiro drinque, Rafael disse que seria o último encontro dos dois. Carolina ouviu a frase como uma espécie de dialeto inacessível: não fazia o menor sentido. O amor que encontrara nos braços daquele homem teria se dissolvido assim? Por mais que desejasse ser forte, Carolina estava aos pedaços. Do outro lado da mesa, Rafael parecia tão inteiro. E intacto. A tranquilidade que ele exibira diante do fim provocara em Carolina um sentimento devastador. Não. Não era raiva. Nem ódio. Apenas inveja.
(*) IMAGEM: EMMANUELLE RIVA e EIJI OKADA em "HIROSHIMA, MEU AMOR"
DIREÇÃO ALAIN RESNAIS