Constantino vivia entediado. Insone, em mais uma madrugada, decidiu criar um blog onde escreveria coisas sem o menor sentido. Estranhas ideias pipocavam em seu pensamento e surgiam na tela do computador. Meia hora depois das primeiras publicações, o tal blog acumulara uma legião de seguidores. As frases absurdas de Constantino soavam como respostas perfeitas em um mundo caótico. Seus leitores enxergavam uma profundidade filosófica em tudo que ele escrevia. Num piscar de olhos, o sujeito virara uma espécie de líder para aquelas pessoas. Surpreendido pela inesperada fama, Constantino pensou em apagar o diário virtual, mas desistiu. Sua vaidade falara mais alto: nascia a história de um homem fora de si. Uma saga delirante que o fez escrever por dois anos ininterruptos, atraindo milhões de fãs. E então teve a ideia mais estapafúrdia: candidatar-se a presidente da República. Nunca mais foi lido.