Talvez eu quisesse apenas entender quem era ele. Quando me dei conta, Antonio me aprisionara numa espécie de labirinto. Havia uma intensidade perturbadora no brilho de seus pequenos olhos: ora atentos, ora ausentes. A atenção flutuante emprestava um ar inatingível ao homem que me atraíra como nenhum outro. Na primeira vez em que o vi, o tempo passara rápido demais. E em todas as outras, ao longo dos anos, eu viveria numa montanha-russa impulsionada pelos altos e baixos de seu humor volátil.
Apesar de rendida por um profundo fascínio, desde o início soube que ele não me faria bem algum. Esta consciência revelaria não apenas o poder que Antonio exerceria em minha vida, mas, sobretudo colocaria em relevo a minha loucura. O que era mais obscuro em mim seria exposto de tal forma que só me restaria aceitar a verdade: com a minha permissão, Antonio me destruiria.
Da mulher que eu fui, pouco ou quase nada permaneceu. E uma outra ocupou o meu lugar: aquela estranha do outro lado do espelho.