No quintal de sua casa não havia o menor vestígio de uma chuva de diamantes. Alice lera numa revista que em Júpiter e Saturno elas aconteciam com frequência. Uma tempestade de pedras preciosas traria outra nuance para aqueles dias sombrios. Tudo mudara rápido demais em um mundo agora tão incerto. As perguntas que a invadiam no meio da noite lembravam um redemoinho. Alice girava, girava, girava em torno das interrogações, sem a menor ideia do que viria a seguir. Nessas horas, ela não sentia apenas medo, mas sobretudo algo ainda sem nome. Mais uma vez, pensou na tal chuva em Júpiter e Saturno. De olhos bem fechados, Alice viu os diamantes caindo em seu quintal: a beleza se misturara ao absurdo. Talvez a vida fosse exatamente isso.