DOLCE VITA
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UMA MULHER, UM DETETIVE E UMA ANTIGA HISTÓRIA
Data: 06/10/2020
Créditos:
UMA MULHER, UM DETETIVE E UMA ANTIGA HISTÓRIA

AUTORA E VOZ: DOLCE VITA
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
UMA MULHER, UM DETETIVE E UMA ANTIGA HISTÓRIA 


 
Horácio vislumbrou uma silhueta feminina na porta de vidro fosco. Lentamente, o detetive girou a chave enquanto se perguntava quem estaria no corredor: era Alice.

— Posso falar com você?

Sem dizer uma palavra, ele apontou para sua sala. Ao acomodar-se diante da surrada escrivaninha, Alice enrolou a alça da bolsa em volta dos dedos. Os elos da corrente dourada brilharam sobre sua pele.

— Reencontrei Antonio na semana passada. 

Horácio foi direto:

— Valeu a pena?

Ela respirou fundo, antes de dizer:

— Imaginei tudo tão diferente. 

O detetive observava Alice com atenção. Havia uma espécie de súplica no olhar daquela mulher que o lembrava de sua própria tristeza.

— Você acreditava que Antonio era a sua resposta?

Antes que Alice falasse qualquer coisa, Horácio pegou uma caixa dentro do móvel envidraçado deixando o objeto em cima da escrivaninha. 

— Quando entrei na faculdade de Direito, Sofia apareceu na minha vida. Num piscar de olhos, eu era o cara mais feliz do mundo. Um ano depois, ela sofreu um misterioso acidente e não resistiu. Além dela, um homem armado também estava no carro e morreu. Ninguém sabia quem era ele. A polícia investigou o caso, mas não descobriu nada que o identificasse, como se o estranho nunca tivesse existido.

O detetive abriu a caixa onde guardava um velho gravador e uma grande quantidade de fitas.

— Eu tinha tantas perguntas. Precisava conversar com ela sobre tudo. Desde as coisas mais banais até a dor que sentia.

Alice olhava fixamente para o gravador, ao retrucar:

— Você deu jeito de dizer as coisas que queria.

Horácio pegou uma das fitas girando-a entre os dedos.

— Com o tempo eu tive de deixar as perguntas pra trás. Ou ficaria louco. Restaram as conversas... 

Ela completou:

— E a saudade.

Naquele instante, não era apenas na história de Horácio que Alice pensava.

 

NOTA DA AUTORA:
 
ESTE CONTO FAZ PARTE DE UMA SÉRIE QUE COMEÇA COM O EPISÓDIO "A CASA DOS SUSSURROS". PARA MELHOR COMPREENSÃO DO ENREDO, LEIA A SEQUÊNCIA DOS CONTOS.

 

(*) IMAGEM: JACK NICHOLSON E FAYE DUNAWAY

"CHINATOWN"

DIREÇÃO ROMAN POLANSKI


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Enviado por Dolce Vita em 06/10/2020
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