15/04/2009 20h34
Tela de Letras
E então veio a vontade de escrever.
Minha necessidade de palavras está intimamente ligada ao sentimento.
Um afeto que não se dedica ou simplesmente existe e permanece em aberto como toda página em branco parece estar.
Escrever é um desafio muitas vezes doloroso. Outras, pura liberdade.
Não sou o que escrevo porque isto está além de mim. E esta consciência do que me limita e diferencia, daquilo que é exposto em frases que se encaixam para contar uma história, é um conforto (e um confronto).
Alguma parte da minha alma alimenta o desejo de ter o que expressar. Não importa o quanto eu mesma calei. Muito menos, os tortuosos caminhos por ventura trilhados.
A maior desventura é paralisar pela dor, congelar-se imersa em vazio.
Não escreveria sem esta força: abençoada resistência que se opôs a mim.
Não. O mundo não é cruel. Nem sou inocente.
Escrevo porque perdi, entre outras coisas, a inocência.
No entanto, há uma alegria nisso. Um contentamento herege. Talvez, a marca daqueles que sobrevivem a si mesmos.
Publicado por Dolce Vita
em 15/04/2009 às 20h34
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