DOLCE VITA
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Meu Diário
20/04/2009 06h01
Alma Escultora (Há uma escritora?)

Imagino a beleza contida em um bloco de mármore branco. Esculpir exige que várias partes deste objeto sejam desprezadas. Lascas e mais lascas se perdem em meio ao ar nebuloso de cada golpe. 

Os pedaços lançados desenham uma trajetória no espaço. Certas coisas precisam ser deixadas para trás. Tenho muito o que aprender com os escultores. Neste ofício, o que é perdido parece ter a função de abrir caminho. E a pedra vira arte.

Suponho que um escultor esteja à procura de algo tão intenso que se faça palpável. As mãos que cortam a pedra são as mesmas que trazem à tona sua maior beleza. Penso nas escolhas. E nos dilemas. Quando cortar é escolher.

Conceber a idéia que se alojará no corpo concreto exerce em meu imaginário um fascínio infantil. Algo que surgiu do plano etéreo da inspiração. Talvez da mais remota fantasia ou das entranhas de uma ânsia inexplicável em palavras, adquire forma e entra na realidade. 

É preciso existir.

E para que esta existência esculpida se faça, quantos golpes serão necessários?

Antes de começar a escrever esta crônica, contemplava a imagem de uma escultura de Rodin. Uma das minhas prediletas: "La Danaide".

Pensei em mim. 

E desejei possuir uma alma escultora capaz de lançar nova luz à minha existência.
Publicado por Dolce Vita
em 20/04/2009 às 06h01
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