Esta história é verídica e graças ao senso de humor de meu interlocutor narra o início de umas das amizades que fiz em Itaipava, na região serrana do Rio de Janeiro.
A festa era badaladíssima. Um ator se casava. E lá estava eu, uma "poderosa anônima" entre tantos rostos conhecidos. Cantores, diretores de novela e claro, muitos atores e atrizes.
Como estava lá? Digamos que o destino conspirou para isso.
Entretanto não é para falar das celebridades, mas de quem, como eu, estava ali por algum elo de ligação com o casal que se unia.
Ele é um espanhol intenso demais no trato com as pessoas e naquele belíssimo fim de tarde, depois de algumas doses generosas de um coquetel qualquer, esbarrou em mim. Literalmente.
Não sei se era efeito da ausência de censura, a festa em si ou a irritação da alma mesmo, o fato é que ele ficou bravo, como se meu corpo tivesse se transformado em um obstáculo voluntário em seu caminho para o bar e gritou:
- Hei! Você ficou na minha frente!
Pelo sotaque, ao perceber que era espanhol, brinquei (o humor pode salvar vidas!):
- "ETA"?
- Como?
Tentei mudar o país:
- "IRA"?
- Hã?
Talvez o som lembrasse sua língua natal:
- "Hamas" explico uma piada! Sou tímida demais! E se fosse mulher, provavelmente ainda ouviria algo sobre as "brigadas vermelhas"!
O homem começou a rir diante dos exemplos de terror que citei. E deve ter se dado conta da irritação, fora de propósito, que o tornara tão indelicado comigo e perguntou:
- O que é preciso para sermos amigos?
- Você tem que "resbolá"!
P.S.: Legenda: abomino a prática do terrorismo (seja paralelo e clandestino ou de Estado).