Confesso. Sou amante. Aliás, uma delas: as letras possuem muitos apaixonados. Quando penso na palavra, imagino um laço. A isca que desperta um sorriso, lágrima ou uma sonora gargalhada. Uma caixa de surpresas que se abre para muitos sentidos. Em outros momentos, tudo parece absoluto. A palavra é o som que nos cala. Tradução literal. No instante seguinte é tormento, ansiedade, mas também pode ser mansidão, quase uma paz.
Sagrada para quem escreve, a palavra transforma-se em altar do pensamento para dar forma, cor e luz às coisas da vida. E exige entrega. Do contrário, não haverá sentido.
Escrever é a arte que ninguém ensina, nem é possível aprender, além da técnica. Pode conter a leveza da respiração de um bebê dormindo no colo de sua mãe, ou abarcar maremotos de emoções que nos lançam em águas agitadas e bravias. Não importa o caminho. Será sempre natural porque expressar é humano.
Quem escreve sabe, ou talvez apenas sinta, que não pode explicar muito o que escreveu. Depois de escrita, a palavra cria asas, vida própria e como bailarina, surge diante de outros olhos que a seguirão em todos os seus movimentos.
Quem nos lê, verá uma tonalidade a mais, um novo sentido e nas entrelinhas, escritor e leitor marcam um encontro que só é possível através deste idioma da criação.
Neste mundo da palavra, a dor se transforma em sonetos, saudade em crônicas, perdas em contos e amor em romances.