Giulietta era uma bruxa. Avessa às montanhas e florestas, morava no interior de uma famosa fonte em Roma. Naquela manhã, após berrar os costumeiros palavrões em direção ao céu ensolarado — qual a graça de um dia sem nuvens? —, ela avistou um homem despejando moedas de ouro nas águas de sua casa. Curiosa, Giulietta materializou-se bem ali, diante do sujeito, hipnotizando-o. Enquanto apreciava a perturbadora beleza do mortal, sussurrou no ouvido dele:
— Eu sou tudo que você tem.
Então o homem abriu os olhos. E completamente encantado, disse:
— Você é a mulher mais bonita que eu já vi.
Giulietta sorriu, antes de responder:
— É... Acho que eu posso viver ouvindo isto.
(*) IMAGEM: MARCELLO MASTROIANNI e ANITA EKBERG
"LA DOLCE VITA"
DIREÇÃO FEDERICO FELLINI