A festa de Babette caiu numa sexta-feira, 13. Para comemorar a hora do pesadelo, digo, seu aniversário, ela contratou o show de Truman. Na primeira atração da noite, os caça-fantasmas cantaram no coro do professor aloprado, o terror das mulheres, animando um pequeno grupo na plateia: de um lado, o exorcista numa estranha dança com lobos, do outro, como sempre, o diabo veste Prada e os fantasmas se divertem.
No fundo do salão, a pequena Miss Sunshine e o Mágico de Oz devoravam tomates verdes fritos, sonhando com a fantástica fábrica de chocolate.
Perto deles, um príncipe em Nova Iorque compartilhava o segredo com a princesa prometida. Numa noite sem fim ele encontrara um lobisomem americano em Londres. A princesa arregalou os olhos e ele acabou confessando, após um longo suspiro:
— Eu me sentia em um sonho de uma noite de verão, ao som da sinfonia inacabada “Pelados em Santos”. Ah, esses desejos selvagens, essa fome de viver. Foi uma louca escapada.
Em outro canto da festa, Kramer X Kramer, no round 6, praticavam seus jogos mortais:
— Meu primeiro amor pra cá. Meus bens confiscados pra lá.
— Batatinha frita, um, dois, três.
Na pista, as patricinhas de Beverly Hills ouviam as histórias de uma noite sobre a Terra de um convidado bem trapalhão:
— Eu entrei na pequena loja de horrores, gritando: tragam-me a cabeça de Alfredo Garcia. Quero ser John Malkovich se estiver mentindo. Juro pela pele que habito: o balconista parecia a Cleópatra de ressaca. E o cara falou: seu pedido tá lá com a Virgínia, a dona da loja. Agora dá uma olhada na cara de brava daquela mulher e me responda: “Quem tem medo de Virgínia Woolf?”
Lá fora, o mesmo amor, a mesma chuva: a Bela e a Fera dançavam no jardim secreto sob o feitiço da lua. Ou seria do tempo? Com certeza era de Áquila. E então ela pediu para ouvir algo romântico. E ele sussurrou em seu ouvido:
— Todos dizem eu te amo, mas eu não sou um homem fácil. Sou uma fera.
Longe do burburinho da festa, a professora de piano e o violinista no telhado filosofavam sobre a insustentável leveza do ser quando ela disse:
— Ensina-me a viver.
— Cada um vive como quer.
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