DOLCE VITA
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A Hora (e a vez) do Cinéfobo



Em tempos de crise econômica mundial, a indústria cinematográfica descobriu um novo mercado e passou a oferecer filmes para quem tem pavor da sétima arte, propiciando sua inclusão cultural, além de aumentar sensivelmente seu lucro.

O que isto significa? Meu caro cinéfobo, agora você também poderá ir ao cinema sem medo! Nada do que assistir apresentará efeitos colaterais ou reações adversas. Aliás, nada do que assistir terá efeito algum! Sua fobia será como um filme mudo: coisa do passado!

Quando seu celular tocar, na melhor parte do enredo, finalmente um cinéfobo poderá dizer que está no cinema! Não é uma maravilha? Uma trégua, digo, tela para sua paz! Passe torpedos, converse com os amigos, namore ou se preferir, discuta a relação durante os filmes. Você não sentirá o menor desconforto na sala de projeção, nem mesmo notará quando a luz se apagar.

Por falar em ausência de iluminação, você descobrirá que a sala de exibição do cinema oferece uma excelente oportunidade para reuniões familiares delicadas. Explico. Esta característica impede a visão clara de seus parentes, há anos em litígio, no inventário daquela tia centenária, sem herdeiros diretos, que deixou um terreno de dez metros quadrados, em Manaus, para trinta pessoas da família. Um cenário obscuro que deve permanecer assim. No escurinho do cinema!

Enfim um lugar para relaxar, trocar idéias e quando a conversa perder um pouco o ritmo, observar o que se passa na tela como se admirasse um aquário! Sua imaginação é maior? Então, pense no oceano! De vez em quando um peixinho e de repente, um tubarão! Se não souber mergulhar, leve sua bóia porque a maré de alguns filmes pode provocar o efeito ressaca. E esta coluna se limita ao estufa! (Paciência!)

Entre os títulos essenciais deste recente movimento antifóbico, destaco, a seguir, os mais leves, para um início sem traumas em ondas cinematográficas!

Aconselhamentos Cinematofóbicos:

Frank Carpa é o nome mais consagrado desta lista e por isso, aparece como diretor de dois filmes:

A Felicidade Não se Conta: Um ganhador da loteria guarda segredo de sua fortuna e leva uma vida discretíssima para não despertar a cobiça alheia.

Do Mundo Nada se Eleva: Drama de um jovem que, depois de morar com a sogra e passar um mês viajando com a própria e a esposa, pelo deserto do Saara, passa a apresentar sintomas de impotência.

Orangotango em Paris (Bernardo Cooperluci): Versão francesa de " King Kong" que certamente agradará os freqüentadores de zoológico e espectadores do canal de TV, Animal Planet.

Um Estrago no Ninho (Mallas Forman): Família que herda uma fortuna através das gerações anteriores, de repente, se vê diante da loucura do patriarca que resolve doar todo dinheiro para patrocinar a Guerra do Paraguai.

E o Ventilador... (Victor Flamengo): Proprietária de uma fazenda chamada Tara, a transforma em uma espécie de armadilha para trabalhadores incautos. As vítimas da psicopata rural são trancafiadas em um celeiro, sem janelas, em pleno verão.

A Sessão de Quinta deseja ao leitor, bom filme! Se preferir, em dialeto cinematofóbico: " Vert Igoh" !

P.S. ou " Pausa Sétima-filosófica" : O que Platão diria a Woody Allen? " Seus filmes são um banquete!" . E o que Fellini falaria a Kant? " Abaixo a crítica da razão pura! " .

Legenda: (Sou) elementar, meu caro cinéfobo!


("Sessão de Quinta", Blog Cinema Olho, onde sou colaboradora e autora da coluna)

www.cinema-olho.bogspot.com

http://www.dolcevita.prosaeverso.net

Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 13/04/2009
Alterado em 23/04/2009
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