DOLCE VITA
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                                        Afinal, o que querem as mulheres?






Há algum tempo me debruço sobre certas questões que permeiam o feminino. E sinceramente, quanto mais observo, menos entendo.


Não pretendo fechar os olhos para os avanços conquistados ao longo do tempo, na esfera política, econômica e social. Porém, a história, seja ela científica, acadêmica ou artística ainda mostra uma predominância do pensamento masculino (em termos quantitativos) em relação ao feminino. Os pensadores, cientistas e artistas, enfim, formadores de opinião, ao longo do tempo, estão representados, em maior número, pelo sexo masculino.


E isso é apenas fato. Não vejo valor positivo nem negativo. É o que é.


Entretanto há razões para esta visão masculina. Provavelmente desde muito tempo, lá atrás, na história da humanidade, os homens saíam de seu universo para conquistar o mundo (simbolica e literalmente).


Enquanto as mulheres, muitas vezes, para conquistar o único mundo possível precisavam mergulhar em seu universo particular. E entraram mais em contato consigo mesmas. Portanto com suas emoções, sentimentos e sensações. (Quem sabe, por isto, os consultórios dos psicanalistas até os dias de hoje, recebam muito mais mulheres do que homens dispostos a se conhecerem.)


Talvez, venha também da cultura, e não apenas da biologia e dos tais benditos hormônios, nossa natureza complexa ligada a este aspecto oscilante do metabolismo.


Sobre este feminino recai um olhar desconfiado, uma vez que tendemos a suspeitar do desconhecido. E o pensamento predominante na ciência, no mundo acadêmico e até nas artes sempre foi masculino.


Quem fala, estuda, retrata, filma, compõe em letra e música, verso e prosa, as mulheres? O homem. O olhar masculino.


Por isso, não é à toa, tanta vigilância e opressão. A repressão sexual foi possível até que a pílula anticoncepcional coloca a liberdade onde havia muita hipocrisia e tentativa de controle.


No entanto, a mulher que elege (e pode ser eleita até presidente da República), trabalha e agora também se relaciona sexualmente, ficaria livre demais! Ficaria como um homem? Não! Isso é ser homem! É preciso reprimi-la novamente. De que forma? Retirando um prazer. E comer passou a representar um pecado mortal.


Saímos da ditadura sexual para alimentar. O corpo feminino permanece objeto. É raro uma mulher que não sinta sobre ela a expectativa (e pressão) de um corpo magro.


Magreza hoje é sinônimo de caráter. Como durante muito tempo foi a virgindade (não sei se o verbo poderia ser colocado no passado, mas meu otimismo ganhou desta vez). E não estou defendendo que as pessoas sejam gordas para protestar (nem promiscuas). A obesidade é tão grave e maléfica à saúde quanto a anorexia ou bulimia. Graves transtornos alimentares.


Afinal, o que desejo com esta crônica?


Isto me lembra outra questão. O que querem as mulheres? A célebre pergunta de Freud permanece em aberto. E se depender de mim, continuará. Nada é mais enfadonho que desejar coisas previsíveis em um cadastro imutável de desejos. Podemos mudar de idéia. E mudamos!


Provavelmente, cada uma de nós deseja seus próprios caminhos. Inclusive ser o oposto daquilo que é esperado dela.


Antes de encerrar, creio que o masculino é construído em cima de expectativas e exigências cruéis. Não deve ser fácil acreditar que não poderá fracassar se quiser ser viril, empreendedor, etc.


O masculino pode ser um lugar corrompido pelo poder que almeja. O preço é alto para aqueles que se deixam escravizar pela força do esteriótipo. Assim como é para quem foge dele. E também deve ser para aqueles que se contentam com uma vida morna, insípida e incolor.


Não me lembro quem disse, mas as palavras são sábias:


"Ao homem, tudo e nada menos. À mulher, tudo e nada mais."









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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 07/05/2009
Alterado em 20/08/2009
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