DOLCE VITA
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                                                 VALEU A PENA?




Outro dia, alguém me pergunta, em relação a tudo que vivi até hoje:


- Valeu a pena?


Gostaria de acreditar que sim e penso nos versos do poeta maior. Bastaria que a alma não fosse pequena.


No entanto, a verdade pode transitar sem lirismo e temo não contar com a licença poética, mas, sim, patética da minha alma.


Nem tudo que vivi valeu a pena. Acho bonito imaginar "o que não mata, me fortalece", mas cá entre nós, inúmeras vezes senti a medida da minha fragilidade.


Tenho a impressão, cada vez mais consistente, de que muitas coisas que passei, não precisaria ter vivenciado. Fiz escolhas erradas e coloquei minha pele em risco desnecessário.


Eu sei, eu sei. A dor faz parte do jogo da vida.


Entretanto, prolongar sofrimentos e infortúnios, adiar rupturas, calar ao invés de evitar os constrangimentos, ceder a chantagens emocionais, por conferir pouco valor a mim mesma, tudo isso são escolhas que não me levaram a nada que valesse a pena, simplesmente porque não aprendi com meus velhos erros. Repeti-los é apenas desgaste.


Dizem que na vida não há arrependimentos. Só lições. Faltei nessas aulas.


O arrependimento faz parte da minha vida e me arrependo, sim, de várias decisões e experiências. Quando ouço alguém responder aquela conhecida indagação sobre fazer tudo novamente da mesma forma, se fosse dado o direito de voltar no tempo, no meu caso, responderia convicta: faria tantas coisas diferentes! Mudaria de idéia com mais facilidade, seria mais flexível e aberta, e ao mesmo tempo, generosa comigo.


A dor me levou a entender que entre o que supunha ser e o que sou há um abismo. E esta dor é diferente do sofrimento estéril, vazio e sem sentido da repetição dos velhos erros.


É a dor de um novo parto. Renascer e me aproximar do que, de fato, sou. E isso inclui desconstruir uma série de posturas e idéias a meu respeito que não me conduziram ao aprendizado, nem acrescentaram nada à minha vida, além do peso em minha alma.


Não, nem tudo valeu a pena! E ao entender justamente essa ausência de valor ou sentido, me propus o maior dos desafios: errar diferente.


Novos erros são bem-vindos. Afinal, nunca estarei livre de errar.


Quem sabe, os novos erros valham a pena?





(*)
Imagem: Google

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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 25/05/2009
Alterado em 25/05/2009
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