Não tenho idéia do que seja ser Deus. Espero que Ele tenha e não caia em crises existenciais!
Meu Deus! O que é isso?
Deus em crise?!
Quem seria o analista do Senhor?
Perdoem as perguntas aparentemente hereges, mas aqui, me deixo conduzir pelo sentido da metáfora.
O que é simbólico deveria existir para nos fazer pensar.
E não há pensamento possível sem liberdade!
Assim como não há amor.
Sinceramente, creio que o sentido de Deus encontra sua mais divina expressão no entusiasmo (a alma vibra em estado de graça) e no amor (a alegria do coração que se nutre em afeto).
Quando o sentido amoroso, entra em crise, melhor reavaliar os desejos. Ninguém permanece imutável.
Relações amorosas duradouras (me refiro àquelas que estão vivas) são fruto de superação.
O amor é colocado à prova e o teste da realidade irá conferir se os parceiros são maduros ou se caminham para esse crescimento. Na jornada amorosa não existe o sentido único, a menos que a pessoa confunda vínculo afetivo com relação de poder, onde um domina e o outro acata.
Se admitimos que a relação é entre iguais, portanto, sem hierarquia, a questão pode, sim, ser mais complexa.
No entanto, mais possível de escapar da imensidão oceânica dos ressentimentos.
O ranço que envenena e contamina tantos vínculos.
Há casais especializados em constrangimento público. Imagino que retiram algum prazer dessa exibição compulsória (e compulsiva) que obriga aos mais desavisados a compartilhar, por exemplo, jantares em restaurantes, onde não se consegue nem apetite para degustar o prato pedido.
E o brinde entre as pessoas na mesa? Melhor passar em branco! Vamos brindar a quê? Ao respeito pelo espaço dos outros e à harmonia?
Quando penso sobre isso, suponho que é a ausência de uma relação entre iguais que provoca a base perversa do vínculo.
Estar com alguém realmente comprometido com a relação, não necessariamente significa "grudar-se" como sombra. Nem obedecer como empregado ou mandar como patrão.
O amor sobrevive e resiste aos ataques hostis dos ressentimentos e repressões, apenas na liberdade de movimento das escolhas.
O respeito genuíno acontece entre iguais em direitos.
Se o amor resiste é pela compreensão de sua natureza em movimento. Nesse eixo mutável, entra o espaço das negociações. Um casal bem estruturado sabe que não pode deixar um dos pratos da balança se responsabilizar todo o tempo pelas concessões, se quiser viver com alguma alegria.
Talvez, por outro lado, imagino que apesar de não haver receita (essa crônica fala sobre idéias), é saudável entender e aceitar que não somos o sol da vida de ninguém. Nem a sombra.
Cada um é responsável por sua própria luz (ou lucidez).
Se a natureza ou a vida fossem justas, por geração espontânea, talvez tudo fosse mais simples. Por isso, as relações são construídas (ou desconstruídas) pela noção do equilíbrio.
Construir não é supor que caia em nosso colo. É árduo. Diário. Tem um custo, enfim, dá trabalho!
Amar pode ser complicado, mas qual o sentido se não for possível?
(*) Imagem: Google
(*) Texto republicado.
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