DOLCE VITA
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                                            AMARCORD
 



                                         FICHA TÉCNICA




Federico Fellini - Direção / Roteiro

Franco Cristaldi - Produção (ano: 1974)

Tonino Guerra - Roteiro 

Giuseppe Rotunno - Fotografia
 
Nino Rota - Trilha Sonora
 
Ruggero Mastroianni - Edição

Danilo Donati - Desenho de Produção / Figurino 

Carlo Savina - Supervisão Musical


       


                                             
        ELENCO



 
Pupella Maggio

Armando Brancia


Ciccio Ingrassia

Nando Orfei

Magali Noel

Luigi Rossi

Bruno Zanin

Gianfilippo Carcano

Josiane Tanzilli


 

                                        PRÊMIOS
 




Oscar

Melhor Filme Estrangeiro

Indicações: Melhor diretor e roteiro original


 
Globo de Ouro 1975 (EUA)

Indicado na categoria de melhor filme estrangeiro.


Prêmio Bodil 1975 (Dinamarca)

Venceu na categoria de melhor filme europeu.

 
Prêmio David Donatello 1974 (Itália)

Venceu na categoria de melhor diretor e melhor filme.

Prêmio NYFCC 1974 (EUA)

Venceu nas categorias de melhor filme e melhor diretor.





                                          SINOPSE



Quem melhor do que o próprio cineasta para falar de Amarcord?

 
 
"Eu invento as minhas lembranças. Não distingo mais as reais daquelas que não ocorreram. A mim parece que aconteceram de verdade!

Os personagens de Amarcord pertencem a um vilarejo que conheci muito bem. Estes personagens inventados ou conhecidos tornam-se, de repente, não apenas meus, mas dos outros também.

O que faz uma imaginação assim viva e fértil?

Acho que funciona assim: a cidade natal está relacionada à memória onde estão arquivadas algumas presenças. A mãe. O pai. Por isso é difícil a relação com eles. Não consigo ver de modo concreto, objetivo e real a minha cidade. É como um mergulho em uma dimensão que pertence ao passado.

Claro que se alguém volta a Rimini propenso a sentir saudade, procurando um prédio, uma rua, uma janela, uma fachada, neste sentido mudou completamente.

Para mim, no entanto, só é verdadeira aquela Rimini que sonhei, inventei repensei impregnada de saudade. Mais verdadeira do que qualquer outra.

O Grande Hotel era a forma arquitetônica de toda fantasia sobre opulência e riqueza da mais irrefreável fantasia erótica.

Quando alguém fala das coisas da vida de maneira sincera e sem pretender advertir os outros, sem ostentar mensagens, quando alguém fala assim com humildade e senso de proporção das coisas, acho que todos podem entender e se identificar.

A verdade é que não quis demonstrar nada.

Não tenho mensagens para a humanidade. Sinto muito.

Considero o cinema um brinquedo maravilhoso, um passatempo fabuloso. Não entro em acordos em relação ao que faço. É exatamente o que sou. E o meu ato final é o que encontrarei adiante.
 
O que mais posso dizer?” – Federico Fellini
 
 
 



                                              ANÁLISE




Federico Fellini não é um mestre. É o mestre. Original por excelência, meu diretor predileto é paixão à primeira cena. Irreversível. Insuperável. Único e singular.


Claro que meu nome não é "Dolce Vita". Entretanto se pudesse ter escolhido, seria. Um dia, foi possível fazer esta escolha no mundo da palavra. E passei a assinar, em homenagem a uma de suas maiores obras-primas: "La Dolce Vita".


Nenhum outro diretor até hoje dialogou tanto com a minha alma como Fellini. E por mais que estude, leia e pesquise, afinal todo conhecimento é bem-vindo neste universo oceânico simbólico felliniano, entendo que este magnífico cineasta não entra pela porta racional na vida de um cinéfilo.


Por isso, se Fellini não está em sua alma ou coração, pouco importa o pensamento. O mestre italiano estará sempre além da camisa de força da lógica. Talvez resida aí seu maior encanto, beleza e genialidade.


Quem conhece a biografia de Fellini sabe que nasceu em Rimini. E Amarcord significa em dialeto: "Eu me recordo".
 

Se você pensa que neste filme Fellini contará sua vida em Rimini, deixará escapar um mundo de sentidos imaginários. Grande parte do universo onírico não mantém com a realidade biográfica uma estreita ponte literal. 


Federico Fellini, certa vez, em uma entrevista disse que se considerava um "grande mentiroso". 


Entenda o que este "mentiroso" quer dizer: na esfera da memória pouco importa o que é real ou fantasia. 
 

Por isso, muitas vezes, Fellini se utilizará de recursos e artifícios para chegar ao sentido. O verdadeiro passa pelo falso. O real pelo imaginário. (E o cinema não seria exatamente isto?)


Amarcord, além da experiência única é literalmente música para os sentidos.


A música de Nino Rota, em minha opinião, a mais bela composição do cinema até hoje, parece sob medida para destacar os ângulos e planos que Fellini nos oferece desde os primeiros instantes.


O que mais encanta é justamente a sensação de que as coisas aparecem ao "acaso", desconexas, no entanto, como em um sonho, forma um belíssimo, divertido e muitas vezes, comovente desfile de símbolos que despertam a identificação imediata.


O filme seduz com tamanha intensidade porque ali tudo é tão fantástico que explicar Amarcord é o mesmo que tentar dar um sentido a um sonho incrível, onde a tradução acontece muito mais através do sentimento despertado do que em algum sentido literal.


Não é à toa que nas cenas da escola, em uma aula de grego, surge a repetição da palavra "beleza" naquele idioma. E a beleza em grego se transforma em riso, em graça, em gestos sucessivos e caricatos.



As cenas que retratam a família em um almoço são primorosas. O senso de humor se confunde com o drama de cada um e mais uma vez, a beleza surge na direção magnífica do mestre italiano.


A vida se desenha com plasticidade em todos os tons possíveis. A aquarela da natureza humana. Um afresco com as nuances dos sentidos. Em poucas palavras, mais uma vez: beleza, beleza, be-le-za.


O inesperado se faz presente nas lembranças fellinianas. É impossível ficar imune à cena em que a freira anã resgata o tio desesperado e imerso em isolamento e solidão, em cima de uma árvore.

 
E por mais que tudo pareça fruto do universo (criativo) particular do cineasta, ao mesmo tempo, fica a impressão de que nada poderia ser mais universal do que esta cidade sonhada por Fellini.


Sim, sonhada... Amarcord não se propõe a ser uma espécie de documentário sobre a Rimini geográfica e real.


Amarcord é a Rimini felliniana. A cidade de um gênio.


Por isso, desde que assisti pela primeira vez (e tantas outras até hoje) recordo os traços dos seus personagens e seus exageros, descobertas e angústias.


Amarcord, a cidade das lembranças que de alguma forma se encontram.




(*) Imagem: Google

http://www.dolcevita.prosaeverso.net
Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 09/07/2009
Alterado em 09/07/2009
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