DOLCE VITA
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                              QUANDO A DOR TEM NOME





Muitas vezes me perguntam por que faço análise.


Minha resposta não envolve nenhuma tese: para pensar sobre mim, o mundo e as relações.


E, principalmente, dar nome às minhas dores.


Ao escrever esta frase, a pergunta é inevitável: afinal, existe algum sentido na dor?


Não me atrevo nem começar a responder. Porém, algo parece claro: a dor é sinal de consciência, pois sem ela não há sensação de sofrimento.


O nível de consciência não está ligado apenas à dor física (as anestesias estão aí para provar isto), mas a outro tipo de dor, que nem sempre é possível amenizar através de analgésicos.


Muitas vezes, a dor que lateja a alma precisa ser vivenciada e traduzida para que possa cicatrizar.


É preciso dar nome ao que nos machuca. E isso significa entender, afinal, o que tanto tritura o sentimento?


Por outro lado, quantos desejam sentir dor em um mundo recheado de antidepressivos ou ansiolíticos? Sem contar os inúmeros refúgios que buscam negar o estado doloroso?


A dor que sentimos, sem prazer algum, ao ser enfrentada, leva uma parte de nós. E somos repletos de nós na dor e nas perdas.


Ninguém passa impune, nem imune pela vida. Viver é fruto da superação do que se perdeu. Do contrário, não há crescimento. Não se pode ter tudo. Ninguém veio ao mundo para apoderar-se dele como se fosse um "César". Não há tantos cargos de imperador à disposição.


Aviso. De nada adiantará ser "Napoleão", a menos que você acredite nisso. E então, certamente, não sentirá dor. Estará em seu mundo, a salvo das dores que o fizeram romper com a realidade.


Entretanto, se a dor não o colocar em outra "dimensão", apesar de funda, também poderá reerguer a pessoa disposta a enfrentá-la. E ao invés de se tornar refém melancólica, passa a protagonizar sua própria direção.


Meu avô costuma dizer uma frase (lá vou eu, outra vez, recorrer a sua sabedoria insólita ):


"Antes um fim trágico do que uma tragédia sem fim".


Acho que meu avô quer dizer que as dores não precisam ser negadas, mas também não devem se prolongar.


Há um tempo para a dor.


E para cicatrizar a ferida. Isto é, se você deseja virar a página e seguir em frente.





(*) Foto: Google

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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 08/08/2009
Alterado em 08/08/2009
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