DOLCE VITA
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                               BONEQUINHA DE LUXO
                                                            


         UMA HISTÓRIA ESCRITA COM TÍTULOS DE FILMES





Em 2046, o anjo exterminador, mais conhecido como o homem que matou o facínora, separou-se de Laura, a secretária interessada em seu dinheiro. As vinhas da ira, fizeram-no jurar na despedida em Las Vegas:


- Meu ódio será sua herança!


Laura, como uma gata em teto de zinco quente, apenas sorriu.


No entanto, a bonequinha de luxo não sabia que o amante, morador da Cidade de Deus, sedento de sangue negro, escondia sua verdadeira identidade.


À noite, no Moulin Rouge, transformava-se em Priscilla, a rainha do deserto. Cansado de invasões bárbaras e cheiro de ralo, ingressou no clã das adagas voadoras.


Desde então, o discreto charme da burguesia na vizinhança nunca mais foi o mesmo.


Em plena lua de fel de seus corpos ardentes, um violinista no telhado e a professora de piano, desejavam dançar o último tango em Paris, mas com a crise financeira, apenas tiveram uma noite de
sexo, mentiras e videotape!


Do outro lado de uma rua chamada pecado, de salto alto, Kika, a mulher do tenente francês, berrava para seu marido, um homem meio esquisito: - Ata-me!


Sádico, ele respondia em forma de tortura: - A liberdade é azul!


E entre gritos e sussurros, a conversação exibia cenas de um casamento que, aos poucos, aproximava-se do match point:


- Nada me desagrada mais que
mulheres à beira de um ataque de nervos!


E a declaração dela, em tom choroso:

- Todos os homens são iguais!
Feios, sujos e malvados! E pensar em nós que nos amávamos tanto!


Restava refugiar-se em algum lugar do passado e sonhar de olhos bem fechados. Durante nove semanas e meia de amor, a bela da tarde caminhou no labirinto do fauno para sentir o gosto de cereja e as asas do desejo.


Entretanto, não esqueçamos de Laura! Uma secretária de futuro que viajou para Casablanca para dar mais um golpe de mestre! Mas, na estrada da vida, sentiu uma atração fatal por um gigolô americano que havia entrado para o incrível exército de Brancaleone, em greve, devido ao instinto selvagem que impedia
uma passagem para a Índia.


E a um passo da eternidade desta história, eis que surge a juventude transviada! Os estranhos vizinhos, Fanny e Alexander, assaltados por ladrões de bicicleta, buscavam se distrair com uma laranja mecânica e um King Kong em miniatura. No entanto, a felicidade não se compra, mas quem disse que do mundo nada se leva?


Enquanto isso, o paciente inglês, filho da noiva do poderoso chefão, hospedava-se no Hotel Ruanda, reduto dos incompreendidos e traídos pelo desejo. Da janela indiscreta de seu quarto, admirou as luzes da cidade na Central do Brasil. Pensou em Gilda (nunca houve uma mulher como Gilda!), na porta do Clube da Luta, dizendo:


- Adeus, Lenin! Vou guardar para sempre o sétimo selo da sua coleção.


- Lenin?


Tentou lembrá-la que seu nome era Larry Flint, mas o povo era do contra mesmo! E bastou uma noite sobre a terra para sentir que nunca passaria de um estranho no ninho.



(*) Todos as palavras em negrito são obras cinematográficas. Recomendo-as! :)

(*)
Imagem: Google

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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 13/08/2009
Alterado em 06/12/2009
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