DOLCE VITA
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Textos
CEM ANOS DE AMOR!!!
Esta é uma pequena e bem humorada homenagem aos cem anos dos meus avós. Domingo comemoraremos um duplo aniversário: duzentas velinhas! Haja fôlego! E amor a vida! E isso eles tem de sobra!
Meu avô veio das montanhas do Líbano e chegou ao Brasil aos dezoito anos. Aprendeu a amar esta terra e se considera um brasileiro. Fez análise por mais de vinte anos e conto isto com orgulho! Não é todo homem de sua geração (e de outras também), com pensamento aberto e disposto a se conhecer mais e melhor. E ainda escolher uma psicanalista para enfrentar a empreitada do autoconhecimento.
Minha avó, ao contrário dele, se considera a pessoa mais centrada da face da Terra. Certa vez a analista de meu avô ligou para desmarcar uma sessão e minha avó disse a ela:
- Graças a Deus só mesmo ele precisa de terapia aqui em casa! Eu sou o equilíbrio em pessoa!
Minha avó diz que sua família descende de três príncipes gregos. Eu brinco dizendo que devem ser os três reis magos, mas ela não se dá por vencida! Cresci ouvindo seus sonhos com reis e rainhas! Até o dia em que sonhei com o papa João Paulo II, num imenso salão, em meio a tantas pessoas, aponta na minha direção. Alguém pede que me aproxime e o papa pergunta:
- Como vai a sua avó? Lembranças a ela!
Acordei preocupada, mas ao mesmo tempo, confesso, ri muito. Meu analista se negou a interpretar o sonho. Disse que era "auto-explicativo". Contei para minha avó e ela retrucou com a maior tranquilidade:
- Essa noite sonhei que o rei da Espanha carregava as minhas malas numa viagem de trem!
Não é à toa que meu avô é um ser analisado e fez escola na família. Quase todo mundo ali se dirigiu ao divã! Menos vovó!
Neste ano, pasmem, completaram setenta e quatro anos de casados.
Em tempos onde a informação circula por segundo, tudo é tão intenso, ágil e fugaz, supor que duas pessoas estejam juntas, há mais de sete décadas, parece um exercício surrealista.
No entanto, é fato.
E não há como evitar a pergunta:
- Mas vovó, afinal, qual é o segredo dos longos casamentos?
Ela não precisou refletir para fechar a questão:
- Surdez.
(*) Foto: Google
http://www.dolcevita.prosaeverso.net
Esta é uma pequena e bem humorada homenagem aos cem anos dos meus avós. Domingo comemoraremos um duplo aniversário: duzentas velinhas! Haja fôlego! E amor a vida! E isso eles tem de sobra!
Meu avô veio das montanhas do Líbano e chegou ao Brasil aos dezoito anos. Aprendeu a amar esta terra e se considera um brasileiro. Fez análise por mais de vinte anos e conto isto com orgulho! Não é todo homem de sua geração (e de outras também), com pensamento aberto e disposto a se conhecer mais e melhor. E ainda escolher uma psicanalista para enfrentar a empreitada do autoconhecimento.
Minha avó, ao contrário dele, se considera a pessoa mais centrada da face da Terra. Certa vez a analista de meu avô ligou para desmarcar uma sessão e minha avó disse a ela:
- Graças a Deus só mesmo ele precisa de terapia aqui em casa! Eu sou o equilíbrio em pessoa!
Minha avó diz que sua família descende de três príncipes gregos. Eu brinco dizendo que devem ser os três reis magos, mas ela não se dá por vencida! Cresci ouvindo seus sonhos com reis e rainhas! Até o dia em que sonhei com o papa João Paulo II, num imenso salão, em meio a tantas pessoas, aponta na minha direção. Alguém pede que me aproxime e o papa pergunta:
- Como vai a sua avó? Lembranças a ela!
Acordei preocupada, mas ao mesmo tempo, confesso, ri muito. Meu analista se negou a interpretar o sonho. Disse que era "auto-explicativo". Contei para minha avó e ela retrucou com a maior tranquilidade:
- Essa noite sonhei que o rei da Espanha carregava as minhas malas numa viagem de trem!
Não é à toa que meu avô é um ser analisado e fez escola na família. Quase todo mundo ali se dirigiu ao divã! Menos vovó!
Neste ano, pasmem, completaram setenta e quatro anos de casados.
Em tempos onde a informação circula por segundo, tudo é tão intenso, ágil e fugaz, supor que duas pessoas estejam juntas, há mais de sete décadas, parece um exercício surrealista.
No entanto, é fato.
E não há como evitar a pergunta:
- Mas vovó, afinal, qual é o segredo dos longos casamentos?
Ela não precisou refletir para fechar a questão:
- Surdez.
(*) Foto: Google
http://www.dolcevita.prosaeverso.net
Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 17/09/2009
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