DOLCE VITA
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                           UMA ESTRELA DE CARNE E OSSO
         






O nome dela é Norma Jeane Baker Mortenson, mas o mundo a conheceu como Marilyn Monroe.


Norma Jeane é fruto de um enorme vazio amoroso. Sua biografia aponta para uma infância repleta de perdas. O abandono do pai antes do seu nascimento e as internações em instituições psiquiátricas de sua mãe.


Marilyn teria convivido com uma lembrança (ou fantasia) de uma foto mostrada a ela, ainda menina, onde existiria um homem de bigode fino, semelhante ao ator Clark Gable, apontado pela mulher, supostamente, como pai da atriz.


Esta passagem, nunca esclarecida, teria o sentido de fazê-la acreditar que era filha dele? Diminuir seu vazio? Encontrar um sentido no abandono? Por ironia do destino, seu último filme concluído, "Os Desajustados", foi ao lado de Clark Gable, que morreria dez dias após a conclusão das filmagens.


O berço atormentado daria os primeiros e mais profundos tons da personalidade desta belíssima atriz. Sua aparente vulnerabilidade e ar desamparado contrastavam com a sensualidade natural, sinalizando o aspecto cômico em seu talento. Marilyn e a camera pareciam ter sido feitas uma para outra. Um encontro comparável a uma reação química. Diante do comando para a ação, o brilho da estrela em carne e osso, emergia além de sua dor que incluía alguns casamentos fracassados e o sonho inatingível de ser mãe.



Hollywood recriou seu nome e aparência, assim como também "moldaria" seu interior. Marilyn precisava de pílulas para dormir e para acordar. A indústria cinematográfica sempre teve acesso a certos profissionais que prontamente exerciam o papel a eles incumbido. E com isto, muitas atrizes, como Marilyn, passaram a viver de acordo com as alterações medicamentosas combinadas com seus tormentos particulares.


Creio que ela foi uma atriz que transitou no vazio amoroso e nunca recebeu o reconhecimento merecido pela medida do seu talento, ofuscado para colocar em relevo as medidas das suas curvas. Marilyn tentou aprender seu ofício com disposição de mostrar que poderia ser muito mais que uma mulher deslumbrante. Cursou a famosa escola "Actors Studios", mas não havia interesse em levá-la a sério. Afinal, por quê? Ela "servia" aos interesses da indústria do cinema.



Devastada pela dor e às voltas com todas as complicações de sua paixão impossível, convivendo nos bastidores do poder, representou uma das cenas mais impressionantes de sua biografia, fora das telas ao cantar "Parabéns a você" para John Kennedy, presidente dos Estados Unidos. Completamente dopada, Marilyn surge no palco com uma segunda pele cintilante em forma de vestido. E canta, como quem desejasse chorar, e talvez por isso, soe tão sexy: ela mal conseguia manter-se em pé.


A atriz, assim como a criança, buscou o olhar de aprovação e reconhecimento. Entretanto o olhar sobre ela é parcial. E o mito indaga: "de que adianta ser um símbolo sexual e estar sozinha nas noites de sábado?".


E numa destas noites, o final da trajetória de uma estrela em carne e osso.




P.S.: Esta crônica não tem a menor pretensão de ser o lado B(iográfico) de Marilyn Monroe.





(*)
Imagem: Google

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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 27/09/2009
Alterado em 27/09/2009
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