DOLCE VITA
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                            UMA VIDA CHAMADA ILUSÃO  (BVIW)



 
Infância árida, sem recursos. A mãe morreu no parto. Nunca conheceu seu pai. Aos cinco anos, em um orfanato, representava para as paredes. Jurou que não seria apenas um rosto na multidão. Destino e desejo a conduziram por caminhos onde não importa como, mas apenas "chegar lá" a qualquer preço. Muitas vezes, bebia para dormir e anestesiar a dor e o vazio na alma.


Graças a uma bolsa de estudos, conseguida por "outros méritos", formou-se em arte dramática. Os convites para estrear no teatro, ao lado de grandes nomes, não demorariam a acontecer. Algumas peças e o primeiro prêmio vieram com uma rapidez fulminante.


Certa noite, um diretor de televisão, sentado na primeira fila, foi a única platéia que a interessava. Atuou dali para o estrelato. Vieram as  novelas. Seu rosto em quase 100% do território nacional. A última havia sido exportada para noventa países. E então, o cinema a elevou ao sentido máximo de uma estrela.


Na infância desejava entrar em lojas, hotéis e restaurantes e ser reconhecida. Hoje, aos trinta e cinco anos, os olhos desenvolveram hipersensibilidade à luz. Precisa de óculos escuros quase todo o tempo. Perdeu a paz e a privacidade, nesses mesmos lugares, onde esqueceu como seria um rosto a mais na multidão.






(*) Imagem: Google




Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 23/11/2009
Alterado em 23/11/2009
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