QUE SEJA INFINITO ENQUANTO SORRIREM (BVIW)
Na igreja dos sonhos da noiva havia apenas duas datas livres: vinte e cinco de março (nome da famosa rua comercial paulistana) e primeiro de abril. Decidiram marcar o casamento no Dia da Mentira. Afinal, era preciso senso de humor. Romeu e Julieta subiriam ao altar.
Tudo pronto para a cerimônia e em casa, pai e noiva aguardam, em vão, a limusine alugada. Duas saídas. Na garagem, a velha Kombi azul celeste do tio hippie que vendia bijuteria na feira. Ou um taxi. Julieta berra:
- Não vou de táxi! Não sou a Angélica!
Entrar e sair da Kombi foi um martírio, mas viveu seu grande dia de "Ingmar Bergman" na direção das cenas de um casamento, gritando "corta, corta" para o fotógrafo e cinegrafista. Na porta da igreja, tensa demais, começa a soluçar. O pai, no quinto casamento, imagina que um susto resolveria:
- Você e Romeu serão tão felizes quanto sua mãe e eu.
Diante do assombro daquela profecia, o soluço de Julieta desapareceu instantaneamente. Entretanto, a emoção ao ouvir o padre perguntar se aceitava tornar-se esposa de Romeu, fez da resposta, o soluço:
- HIC!
Romeu exclama:
- HEIN?
E o padre, um tanto surdo, pede um intérprete de latim.
Julieta exausta, entre um soluço e outro, grita: - Sim!
Após a cerimônia, no salão da igreja, receberam os convidados. Festa regada a champanhe e trouxinhas de pão de ló recheadas com goiabada cascão e queijo. Enfim, Romeu e Julieta estavam bem casados.
(*) Crônica dedicada aos que acreditam no humor como a melhor rima para o amor...
(*) IMAGEM: Google / Balcão da casa de Julieta / Verona / Itália.
(*) INGMAR BERGMAN, diretor de inúmeras obras-primas entre elas: "Cenas de um Casamento", originalmente dividido em seis episódios.
(*) "VOU DE TÁXI", título da música cantada pela apresentora de TV, Angélica.