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                           CINEMA PARADISO


                   (NUOVO CINEMA PARADISO)





                           FICHA TÉCNICA




Direção: Giuseppe Tornatore

Roteiro: Giuseppe Tornatore

Produção: Mino Barbera, Franco Cristaldi e Giovana Romagnoli

Música: Andrea Morricone e Ennio Morricone

Direção de Fotografia: Blasco Giurato

Desenho de Produção: Andrea Crisanti

Figurino: Beatrice Bordone

Edição: Mario Morra






                                  ELENCO




Antonella Attili (Maria - jovem)

Enzo Cannavale (Spaccafico)

Isa Danieli (Anna)

Leo Gullotta (Usher)

Marco Leonardi (Salvatore - adolescente)

Pupella Maggio (Maria - senhora)

Agnese Nano (Elena - adolescente)

Leopoldo Trieste (Padre Adelfio)

Salvatore Cascio (Salvatore - criança)

Roberta Lina (Lia)

Nino Terzo (Pai de Peppino)

Jacques Perrin (Salvatores - adulto)

Brigitte Fossey (Elena - adulta)

Philippe Noiret (Alfredo)





                            PRÊMIOS


- Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

- Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.

- Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes.





                           SINOPSE


A história do garoto Totó, que vive num vilarejo do interior da Itália, durante a Segunda Guerra. Sua principal diversão é passar o tempo no Cinema Paradiso, fazendo companhia ao projecionista Alfredo, que o ensina a amar a Sétima Arte, mudando a sua vida para sempre.





                       INTERPRETAÇÃO

 TODOS OS ELEMENTOS DO ENREDO SÃO ANALISADOS



"- Eu não vou conhecer todos os lugares que desejo, nem tudo e todos que quero. Não posso viajar no tempo. Não consigo acabar com a saudade, nem conseguirei. Eu vou morrer algum dia. O cinema é só um sonho." -
Frases do personagem diante da demolição do Nuovo Cinema Paradiso



Falar de Cinema Paradiso é declarar amor. E toda declaração amorosa pode soar ridícula, mas como disse um dos maiores poetas da humanidade, do contrário, não seriam declarações de amor.

Seu protagonista, Salvatore di Vitto, também conhecido como Totó, foi interpretado por três atores diferentes: Salvatore Cascio (criança), Marco Leonardi (adolescente) e na fase adulta Jacques Perrin. A história se passa na Itália pós-guerra, na pequena cidade de Giancaldo, Sicília.

O início do filme traz um comunicado: Salvatore (Jacques Perrin), um cineasta que mora em Roma, é acordado pelo telefonema da mãe (Maria) que o avisa sobre a morte de Alfredo (Philippe Noiret)

A obra parte da ausência literal (a morte de Alfredo) que poderemos entender ser também simbólica para seu protagonista que, até aquele momento, estava ausente de seu lugar de origem porque havia cumprido a risca o conselho de Alfredo: "- nunca mais volte a esta cidade enquanto estiver vivo".

E esta súbita ausência literal, que poderia ser entendida como um "fim", é o que leva o protagonista a retornar ao começo. Salvatore volta a sua cidade, a pequena Giancaldo, onde viveu até o início de sua juventude.

A partir deste ponto, Cinema Paradiso mostra o que o cinema italiano sabe fazer como nenhum outro. Falar da vida com uma beleza extraordinária e ao mesmo tempo, "simples". O que me faz pensar em uma das frases essenciais de Clarice Lispector: "no entanto, que ninguém se iluda, a simplicidade envolve muito trabalho".

Com o retorno do cineasta, entramos na vida do menino Totó (Salvatore Cascio) em um vilarejo da Sicília, sua difícil relação com a mãe angustiada à espera do marido que nunca voltaria da guerra, a condição familiar marcada pela ausência de recursos financeiros. A realidade crua contrasta com o desejo de liberdade da criança que encontrará em Alfredo, o operador do único cinema da cidade, o passaporte para escapar de seu meio repleto de tormentos e limitações.

Este cinema simbolizaria a única possibilidade de conhecer o mundo para aqueles sem perspectiva real de sair dali e marca ainda o período anterior ao surgimento da televisão. Seus moradores sabem que a vida está restrita ao lugarejo, mas o cinema é o espaço dos novos rostos, lugares, amores, risos, medos, lágrimas, glórias e tantas outras vidas na tela para oxigenar a (única?) vida possível.

Antes que os filmes sejam exibidos ao público, acontecem sessões exclusivas para o padre de Giancaldo, que censura as cenas consideradas "inadequadas", mandando Alfredo cortá-las. Seu veto inclui, especialmente, os beijos entre os casais.

O público no cinema será frustrado com essas lacunas. E assim, as pessoas reagem diante da tela de uma forma completamente diferente daquelas que assistiriam ao filme na íntegra. Os cortes repentinos, ao invés de as conduzirem pela fantasia da tensão dramática, devolvem a realidade limitadora. Alguém as retirou do sonho. E elas protestam!

É interessante observar o resultado da intervenção do censor durante os filmes. Sua presença surge através do corte trazendo o limite moral onde deveria haver apenas a liberdade da fantasia.

Alfredo e Totó estabelecem um profundo laço de cumplicidade. Não sem antes passarem por diversos momentos, desde a aparente repulsa até a mais sincera amizade, magistralmente representados pelos dois atores.

O cinema é atingido por um incêndio que não apenas destrói o lugar como tira a visão de Alfredo, salvo por Totó. Graças a um morador que havia ganhado na loteria, nasce o "Nuovo Cinema Paradiso" que é reconstruído. E Totó ocupa o lugar de seu velho amigo.

A presença de um "louco" na praça poderia ser vista com outros olhos. Após as sessões de cinema, ele ordenava o fechamento do lugar como se fosse sua casa e comandava a retirada das pessoas dali.

No ano de lançamento de Cinema Paradiso, a Itália liderava um movimento em relação aos hospitais psiquiátricos. A idéia de que a comunidade deveria se responsabilizar pelos doentes e conviver com os mesmos deu à luz ao hospital-dia, onde o paciente não ficaria mais internado. Utilizaria o local como ambulatório e não mais como o "cárcere" da sua liberdade.

O tempo passa, Totó agora é adolescente, serve o exército, se apaixona e desilude. Giancaldo não é uma cidade com perspectivas. Alfredo o estimula a partir. E ele vai, para retornar muitos anos mais tarde, com a morte do amigo.

A cena da demolição do cinema para a construção de um estacionamento é uma das mais belas e emocionantes que assisti até hoje. Nada ali está fora do lugar em intensidade ou forma. Ao mesmo tempo, tudo transita no limite: a distância entre o sublime e o ridículo é apenas um passo. E Tornatore sabe andar no limite e dirige com maestria. As interpretações carregam uma verdade capaz de fazer muitos sisudos se renderem às lágrimas.

Algumas vezes li críticas em relação a este filme, qualificando-o como "piegas". Sinceramente? Nada pode ser mais tolo que negar uma das características que nos confere a condição humana: a emoção.

E não há como registrar o sentido do presente dedicado ao cineasta por Alfredo. Traduzir o significado de um rolo de filme com todos os beijos do cinema, cortados pelo padre, é - e só poderia ser - obra de um italiano. Ou melhor, de italianos. A trilha sonora assinada por Enio Morricone, como diria Totó: "- Alfredo, é belíssimo!".

Certa vez uma produtora do cinema italiano, ao receber um prêmio nos Estados Unidos, usou esta frase como agradecimento:

- "Nós falamos da vida."

Talvez seja isso. A vida faz o cinema. E o cinema celebra a vida.

Eu disse que seria uma declaração de amor.





(*) IMAGEM: Google


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Enviado por Dolce Vita em 22/12/2009
Alterado em 24/06/2011
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