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VAI VER SE ESTOU NA ESQUINA (BVIW)
O carnaval está logo ali e até parece piada pronta com o universo de uma escola de samba, mas o fato é que o consultório do meu psicanalista localiza-se em um bairro paulistano, na esquina da Rua Harmonia com a Purpurina!
Uma leveza inesperada ao ser? Nem sempre! Muitas vezes comparo as sessões a uma novela onde os capítulos transcorrem sem grandes reviravoltas e se a pessoa perder duas semanas, há de entender tudo!
Isso significa que meu analista deveria estar praticamente canonizado por ouvir milhões de vezes as mesmas coisas!
Por outro lado, a esquina da Rua Purpurina com a Harmonia transformou-se no lugar onde escuto a mim. Pois é! Pago para me ouvir! Como diria a Dra. Sigmunda Fuad: este é o preço que se paga pela surdez precoce!
O ser humano adoece ao distanciar-se de si, incapaz de olhar e ouvir-se. O processo psicanalítico representa o próprio espaço da liberdade e é uma espécie de (des)construção. Entre o que gostaria de ser e as projeções a meu respeito minha alma existe em traços e linhas diversas.
Faço análise para descobrir o que sou e desejo. Identificar os joios e trigos da alma. Entender que não sou argila para ser moldada pelas expectativas alheias, mas também não sou muralha impermeável ao contato e à riqueza dos encontros.
Não sei se me conheço plenamente. Só loucos tem certeza em suas leis abortadas da realidade, mas aprendi a diferenciar o que é projeção e o que sou eu. E na esquina do pensamento, dou mais alguns passos em direção a mim, ainda que sem tanta harmonia ou purpurina...
(*) IMAGEM: Google
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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 21/01/2010
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