DOLCE VITA
INSTAGRAM: @dolcevitacontos
Capa Meu Diário Textos Áudios Perfil Livro de Visitas Contato Links
Textos

                                  
                                          O CONVITE
 




Naquela manhã, em seu escritório, observou o convite. A qualidade do papel e a letra tradicional em relevo exibiam a irônica semelhança com o modelo escolhido para o casamento deles. Familiar, e ao mesmo tempo estranho, o conteúdo do envelope convidava-o para as segundas núpcias de Isabel, sua ex-mulher. 

A separação aconteceu de uma forma quase lógica: a distância desenhada pelos anos, o desejo anestesiado de seus corpos e o tempo que consumiu a vontade de se falarem. Isabel e Guilherme lembravam dois roteiristas que abandonam sua história. 

Alguns meses antes do rompimento, recorreram à terapia de casal. Nessa época Isabel poderia ser confundida com uma cineasta irritada diante das cenas que fugiam de seu controle, enquanto Guilherme representava o papel de um coadjuvante sem brilho, dentro do casamento destroçado pelo desgaste. Permanecia ali como poderia estar em um milhão de outros lugares.

Numa tarde, durante uma sessão tumultuada, a pergunta da terapeuta dirigida à sua esposa cortou o ar pesado:

- Quem é Guilherme?

A mulher, a princípio constrangida, olhou-o espantada como se pela primeira vez tivesse notado que sua presença era real. Guilherme desviou o olhar. Era patético perceber que ele e suas vontades haviam se tornado entidades desconhecidas para ela. E sua inesperada sinceridade o surpreendeu: 

- Eu não o conheço mais pra saber.
 
O convite ainda estava em suas mãos quando uma ligação de Isabel interrompeu suas lembranças:

- Não entendi por que me mandou esse convite...


- Quem sabe, nesse casamento, você se faça presente.
 




(*) IMAGEM: Google

(*) versão modificada

 
http://www.dolcevita.prosaeverso.net
Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 16/06/2011
Alterado em 01/03/2012
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários