― O que esperava de seu marido?
― Ora, algo verdadeiro. Real, sabe? Mas não... Ele me cobre de mimos. Tudo que desejo, e até o que nunca imaginei que desejaria, está ao meu alcance como num passe de mágica. Eu sei bem o que ele quer: me enganar com essa tal felicidade. Nunca acreditei em pessoas felizes. Prefiro aquelas que quebram a cara. Pelo menos, parecem de verdade. Minhas melhores amigas, por exemplo, tiveram muitas experiências amorosas. Estão no terceiro casamento. Uma já está no quinto. E eu? Casada com o primeiro namorado. Imagine minha situação quando me perguntam quantos ex-maridos eu tenho. Quer mesmo saber toda verdade? Se eu fosse uma mulher desonesta, teria pelo menos um amante. Um? Não! Nem em hipótese eu ouso. Que tristeza! Digamos três ou quatro ao longo deste casamento. Mas eu sou honesta. Entendeu? Eu sou honesta. Por isso procurei você...
Laura parou de falar. Precisava de fôlego. Do outro lado da mesa, o advogado fazia anotações em folhas timbradas, e num tom de voz brando que soava cúmplice, disse:
― Continue.
Ela endireitou-se na poltrona, antes de concluir:
― Você precisa me ajudar a ter, pelo menos, um ex-marido.