DOLCE VITA
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O CASO DO SENHOR N
 

 
 
Naquele fim de tarde gelado, Horácio começara a segui-la. A esposa do senhor N — ruiva e atraente — não deveria ter mais do que trinta anos. Esgueirando-se entre as árvores do parque, ele tentava descobrir a razão de estarem ali.

Enquanto caminhava, a mulher olhou para trás diversas vezes. Quando a ruiva escolheu um dos bancos para sentar-se, o detetive supôs que, a qualquer momento, outra pessoa a encontraria ali. No entanto, ninguém se aproximara. Horácio observou a mulher abrir o casaco. E, apesar do frio, desabotoar a blusa deixando os seios à mostra. O detetive concluiria em seu relatório que a esposa do novo cliente era exibicionista.

À noite, após uma série de compromissos exaustivos no escritório, o senhor N teve de encarar as reclamações de sua mulher:

— Contrate outro detetive. O cara é um babaca. Imagine! Eu quase congelei quando abri minha blusa, e sabe o que ele fez? Nada! Ficou lá, atrás das árvores.

Irritadíssima, a ruiva saiu do quarto batento a porta. O senhor N deu um longo suspiro. E resmungou:

— Esse fetiche por detetive vai me dar trabalho.




 
(*) IMAGEM: Google
 
Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 20/06/2016
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