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O CASO DO SENHOR Z
 
 
 
Naquela manhã Horácio acordara com uma forte dor de cabeça. Lembrança do uísque servido no bar da esquina. Ao sair de casa, o detetive tinha uma certeza: seria um dia daqueles. No instante em que ele abriu a porta do escritório, Judite tentou, em vão, avisá-lo de algo. Ao entrar em sua sala, Horácio tirou os óculos escuros, e franziu os olhos: seu novo cliente o aguardava ali.

O senhor Z era um homem de meia idade, bem vestido e paciente. Esperara quase duas horas por Horácio, que não pediu desculpas pelo atraso. Direto ao ponto, o detetive quis saber o motivo que levara aquele homem a procurar seus serviços.

Casado com uma mulher vinte anos mais jovem, o senhor Z não acreditava mais na fidelidade de sua companheira. Horácio supôs que ele quisesse provas de um caso extraconjugal para anexar ao processo de divórcio. O senhor Z esclareceu:

— Não, senhor Horácio. Eu não quero me separar. Desejo apenas as fotos da investigação. Quanto mais comprometedoras, melhor.

O detetive, então, concluiu: estava diante de alguém que planejava chantagear a própria esposa ou, talvez, seu amante. Apesar de não ser moralista, Horácio nunca aceitara casos daquela espécie. Mais uma vez, o cliente tratou de desfazer o equívoco:


— O senhor ainda não entendeu. As fotos serão somente para os meus olhos. E prazer.
 
 
 
(*) IMAGEM:  JEAN-LOUIS TRINTIGNANT

 "A FRATERNIDADE É VERMELHA"

DIREÇÃO KRZYSZTOF KIÉSLOWSKI


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Enviado por Dolce Vita em 31/10/2016
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