DOLCE VITA
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Lorenzo poderia se especializar em encontros horríveis. A coleção catastrófica era tão extensa que chegou a acreditar que viera ao mundo com a missão de sobreviver ao ridículo.

 

No primeiro capítulo do desastre, o encontro com Paula inauguraria o inferno astral de sua vida amorosa. Ela surgiu vestindo uma túnica estampada com um sol gigante, e um galho de arruda que mais parecia um mini arbusto adornando sua orelha.

 

Paula divagava sobre duendes, astrologia, meditação e uma teoria pessoal que misturava tudo enquanto Lorenzo não entendia nada.

 

O galho de arruda parecia crescer a cada palavra, e Lorenzo, num ato impulsivo, arrancou-o, exclamando:

 

— Você tá com um matinho aí. Pronto! Tirei!

 

Paula, entre o choque e a fúria, esbravejou:

 

— Isso é arruda! Minha proteção! Você jogou minha proteção no chão!

 

— Desculpa, eu não sabia…

 

— O que você não sabe é que a energia negativa que a arruda absorveu agora está em você! Prepare-se para uma sucessão de encontros: um pior do que o outro.

 

E não deu outra.

 

Lorenzo encontrou Mônica, que a cada cinco minutos olhava para trás, como se esperasse o marido aparecer — e ele apareceu, sem que ela tivesse mencionado que era casada.

 

Depois veio Letícia que riu quando Lorenzo compartilhou um momento difícil de sua vida, mas desabou em lágrimas ao ouvir uma piada, lembrando-se do cachorro que nunca teve.

 

Marcela, aparentemente normal, subiu na mesa após um drinque e começou a cantar ópera, como se Lorenzo não existisse.

 

Claudia falava tão pouco que ao voltar para casa Lorenzo só sabia o nome dela.

 

Helena era intensa demais. Do nada, rasgou sua camisa em pleno restaurante. Uma cena que parecia saída de um filme de ação.

 

E assim, Lorenzo seguiu, até que uma amiga finalmente lhe deu uma dica:

 

— Você precisa de um ritual de purificação pra se blindar dessa energia negativa. Dez galhos de arruda, sal grosso. Vai salpicando em você e pede proteção!

 

Para quem estava desesperado, um ritual inusitado não era nada demais. E lá foi ele. Fez tudo direitinho.

 

O próximo encontro, com Ana, foi… normal. Sem faíscas, sem duendes, sem camisas rasgadas. Apenas uma conversa agradável que talvez nem se repetisse. Mas já era um alívio.

 

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Enviado por Dolce Vita em 10/03/2025
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