Fabiana estava com Gael há quase um ano. O namoro não era a oitava maravilha do mundo, mas ela tentava não ser tão exigente. Caso contrário, só se frustraria. E frustração era uma coisa chata. Muito chata.
Na noite em que comemorariam um ano de namoro, Fabiana usou um vestido de grife. Depois de passar a tarde inteira no salão de beleza, mudou o tom do cabelo, deixando-o mais iluminado com reflexos dourados. A maquiagem havia sido feita seguindo todos os detalhes que ela vira em um tutorial na internet. O perfume? Pela primeira vez, ousou: aquela marca custava caro demais, mas era por uma boa causa. E a sandália dos seus sonhos, parcelada em cinco vezes no cartão.
Enfim, diante do espelho de seu quarto, ela se olhou, orgulhosa do resultado.
E então esperou que Gael se encantasse com ela como se fosse a primeira vez que a visse. No entanto, ao chegar para levá-la para jantar, Gael apenas a beijou e disse:
— Tô morrendo de fome. Não vejo a hora de chegar ao restaurante.
Definitivamente, seu namoro nunca chegaria nem perto da milésima maravilha do mundo. Mas ela permaneceu focada em não ser a mulher mais exigente da face da Terra. Fabiana talvez quisesse evoluir como pessoa. Ou, quem sabe, não tivesse consciência do que merecia e desejava para si mesma.
Durante o jantar, na segunda garrafa de vinho, Gael estava ligeiramente embriagado quando disse:
— Me passa o sal, Morgana?
Morgana? Por um brevíssimo instante, Fabiana pensou que estava ouvindo coisas. Mas Gael repetiu:
— Morgana, o sal!
Fabiana não sabia o que detestava mais: o nome errado ou o fato de ambos terminarem em “Ana”.
— Gael, quem é Morgana?
O namorado tomou mais um gole de vinho e, sem a menor pressa, respondeu:
— Não é uma bruxa? Ou uma fada? Sei lá. As duas coisas.
Não. Ela não teria a menor curiosidade em descobrir o que tudo aquilo significava.
Fabiana só teve uma certeza: era hora de trocar de namorado.
E trocou!
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