Lucas nunca havia se apaixonado antes. Talvez por isso vivia com Rebeca na cabeça e no coração. No entanto, o pai de sua primeira namorada recebeu uma proposta para trabalhar em uma empresa na Europa. E lá foi Rebeca, levando a paz de Lucas.
Depois da saudade, veio a raiva e, por fim, uma tristeza tão funda se esparramou em seu peito. E a danada parecia ficar tão à vontade ali que o cara mal conseguia se levantar da cama e se arrastava até o colégio. Em seu quarto, a playlist da sofrência crônica se repetia sem parar, com todas as músicas que os dois cantavam juntos —uma espécie de ritual masoquista em homenagem ao amor interrompido.
A nova aluna de sua classe era uma garota carioca que havia se mudado com a família para São Paulo. E agora ocupava a cadeira bem ao lado de Lucas.
Extrovertida por natureza, Melissa chegou querendo se enturmar. Foi muito simples com quase toda a turma, menos com Lucas, que continuava sequestrado pela tristeza da separação de Rebeca.
Decidida a conquistar o garoto difícil com seu charme carioca, Melissa logo descobriu o motivo do ar distante e abatido de Lucas.
Naquela manhã, antes de entrar na sala, ela segurou o braço dele e disse:
— Se você andasse comigo, não estaria tão triste.
O gesto impulsivo de Melissa fez Lucas sentir um misto de surpresa e admiração. Talvez porque sua impulsividade o fizesse se lembrar de Rebeca: era como se as duas se fundissem em uma só imagem naquele instante.
Desde aquele dia na porta da classe, Lucas e Melissa não se desgrudavam. No início, como dois novos amigos. Mas depois, era mais do que amizade.
Na festa de aniversário de Lucas, ele pretendia dar um passo importante no relacionamento com Melissa. A galera do colégio se divertia na pista de dança, enquanto ele a puxou para o jardim na frente de sua casa. A noite estava perfeita. O luar parecia ter sido feito por encomenda romântica. Ao som da música que tocava lá dentro, os dois se olharam. Então, num tom divertido, Melissa disse:
— Já sei. Você vai me pedir em namoro agora.
Lucas sorriu.
— Você ainda não disse se aceita.
No exato instante em que Melissa dizia “sim” Rebeca surgiu no portão da casa de Lucas, segurando um presente.
— Feliz aniversário, meu amor. Eu voltei.
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