A história de X e Y começou com uma mentira. Y repetia, furiosa:
— Nunca tive nada com Z.
Mas Z era um caso antigo de Y, que continuava a fugir pela tangente sempre que X a questionava.
Disposto a resolver a equação da sua vida amorosa, X traçou um plano paralelo às próprias desconfianças. O que elevou ao quadrado sua angústia, mas o esquema do flagrante estava armado.
Na noite seguinte, X seguiu em linha reta atrás de Y. Sua respiração acelerada dividia-se em frações de ansiedade.
Mas ele não seria mais um X se o problema que o atormentava não estivesse a um passo de tornar-se um mero cálculo perdido no tempo.
E então, X se deparou com a cena de uma traição em ângulo reto. O triângulo que não era equilátero estava escancarado. Do outro lado da rua, Y e Z se beijaram, elevando ao cubo o desgosto de X.
A equação era inevitável:
Y + Z = X (traído).
Diante do duro golpe, X teve a exata sensação de ser o zero à esquerda — insignificante, mas patético por continuar presente. Uma lágrima geométrica rolou pelo seu rosto. Era a primeira vez que sobrava em uma conta inexata.
E o mundo de X daria muitas voltas elípticas e solitárias até que ele conhecesse a mais estonteante de todas as musas: Hipotenusa. Sincera demais, chegou na vida dele dizendo que o amor não era matemática.
Era magia.
E, pela primeira vez, X foi feliz sem calcular coisa alguma — porque o amor simplesmente acontece.
@dolcevitacontos