— Por que você não me conta logo o que aconteceu?
A história. Será que valia a pena falar sobre algo que nem mesmo ela conseguia entender?
Um vento leve entrava pela fresta da janela da sala. Fernanda respirou fundo. Do outro lado da mesa, Diana, sua melhor amiga, esperava que ela se abrisse. Talvez fosse melhor dizer tudo de uma vez.
— Gustavo sumiu. Eu não sei o que aconteceu. Foram três meses de pura intensidade. Ele parecia tão apaixonado — até mais do que eu. E agora esse silêncio. Não me atende, não responde minhas mensagens.
Diana franziu a testa, preocupada.
— Será que houve algum acidente?
— Pensei nisso. Ontem fui até o prédio dele. Me disseram que ele se mudou um dia antes.
— Quem sabe deixou o novo endereço com o zelador?
— Perguntei na portaria. Nada.
O aroma de café invadiu o ambiente quando uma funcionária se aproximou com uma bandeja e duas xícaras.
Elas tomaram a bebida quente sem trocar uma palavra, até que Diana rompeu o silêncio:
— Talvez esta história traga algum aprendizado.
Fernanda esboçou um sorriso.
— Uma pessoa que simplesmente some pode me ensinar o quê? A não confiar mais em ninguém?
— Não sei. Mas eu me perguntaria: histórias assim acontecem sem sinais?
Naquele exato instante, Fernanda se lembrou de algumas sensações estranhas que teve ao lado de Gustavo. Seriam os tais sinais?
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